Análise
de projeto ambiental na escola
Letícia
Silva FERREIRA[1]
Introdução
Para
que se trabalhe a Educação Ambiental nas escolas, há que se atentar para que o
trabalho também se volte para a diversidade. As ações dos professores ou
membros da comunidade escolar irão depender muito do público a que se destinam,
e essa aproximação se faz necessária visto que não existe um padrão que se
aplique a todos os envolvidos. Segundo o inciso VIII, artigo 4º, Capítulo I da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, um dos
princípios básicos da Educação Ambiental é o
reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural,
ou seja, temos enquanto educadores ou formadores, que reconhecer em ambiente
escolar ou não, a existência de diversos grupos sociais, econômicos e culturais
para que se pense em uma educação efetiva voltada para os interesses e
vivências desses grupos, afim de se alcançar os objetivos propostos pela
Educação Ambiental.
Partindo-se
então da concepção de que se faz relevante o tema Educação Ambiental na
Diversidade, um bom Projeto de Educação Ambiental, seria aquele que se insere
naturalmente entre o público alvo causando o mínimo possível de “estranhamento”,
sem que esses envolvidos se sintam incomodados com sua realização, muito pelo
contrário, que se sintam atraídos pela proposta a ser trabalhada.
Seguindo
a concepção adotada pela PNEA sobre os
processos de educação ambiental em que o “o
indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida a sua
sustentabilidade” propõe-se neste trabalho
a análise de um projeto do qual pude participar e colaborar enquanto professora
da escola em questão, onde escola e comunidade se uniram em prol de uma causa
indispensável à melhoria ambiental de nossa sociedade.
A
experiência
Durante aproximadamente
2 meses deste ano de 2013 a Escola Estadual de Macuco de Minas passou por um
projeto de Educação Ambiental que embora não tenha tido seu caráter explicitado
quanto à diversidade, obteve grande sucesso visto que atingiu os objetivos
propostos adequando-se a todo momento à realidade dos alunos e famílias
envolvidas.
O projeto começou a
partir de uma parceria com a COPASA das
cidades de Lavras-MG e Itutinga-MG com a proposta de um trabalho voltado para a
conscientização dos alunos e comunidade local acerca da importância do destino
dado ao óleo de cozinha após usado.
A situação-problema foi
colocada para todos os alunos da escola (de 6 a 17/18 anos) adequando-se a todo
momento aos seus níveis de escolaridade onde foram levados a pesquisar entre
suas casas e de seus familiares ou vizinhos, sobre o que era feito ao óleo que
utilizavam em suas casas quando o consideravam inadequados ao uso.
Obtivemos variadas
respostas dentre as quais destacam-se fabricação de sabão, despejo em buracos
no solo, despejo em vasos sanitários, despejo em bueiros etc. Porém, durante a
realização desta primeira etapa, observou-se outra questão emergente na
comunidade local: o destino dado às garrafas pet, pilhas e baterias de
celulares, latinhas etc.
Desta maneira,
ampliou-se o projeto para que o trabalho se fizesse mais completo e abrangente.
Durante os meses de
realização do projeto os alunos puderam participar de mobilizações, aulas
dialogadas acerca do manejo do lixo reciclável, oficinas de reciclagem,
palestras oferecidas pelos funcionários da COPASA e uma série de atividades
escolares voltadas para a conscientização dos mesmos.
A culminância ocorreu
ao final dos dois meses com uma gincana onde os alunos de todos os níveis foram
divididos em equipes que tiveram que cumprir determinadas tarefas quais sejam:
juntar o maior número possível de garrafas pet, pilhas e baterias de celulares,
litros de óleo e latinhas de alumínio. Neste contexto, venceria a equipe que
juntasse o maior número possível destes itens e conseguisse cumprir algumas
tarefas no dia final.
Foi muito interessante
observar o envolvimento da comunidade escolar, dos alunos e das famílias
locais. O clima de brincadeira tomou conta da escola nestes meses e todos
trabalhavam com um mesmo propósito: ganhar a gincana!
Muito material foi
coletado e foi de suma importância para as crianças a realização deste projeto,
todos os dias chegavam com sacolinhas com garrafas vazias, tampinhas de
garrafas, latinhas e litros de óleo.
Este caráter lúdico do
projeto foi fundamental para sua realização e concretização com sucesso. Até
hoje os alunos da escola comentam e perguntam quando poderão participar de
outra gincana.
Conclusão
Os objetivos propostos
pelo projeto referiam-se à integração da escola e comunidade, conscientização
ambiental, formação de cidadãos conscientes quanto à preservação ambiental,
retirada do maior número possível de resíduos sólidos do ambiente e
conscientização quanto ao destino dado ao lixo reciclável.
Desta forma o projeto
alcançou seus objetivos sem que se impusesse para os alunos e comunidade uma
obrigação desgastante e penosa de ser cumprida, fazendo com que um dos
principais princípios do PCNs fossem evidenciados:
“mostrar a
importância da participação da comunidade na escola, de forma que o
conhecimento aprendido gere maior compreensão, integração e inserção no mundo;
a prática escolar comprometida com a interdependência escola-sociedade tem como
objetivo situar as pessoas como participantes da sociedade – cidadãos – desde o
primeiro dia de sua escolaridade;”
Somos participantes de
uma sociedade em que o consumo desenfreado pouco contribui para a preservação
do meio ambiente e uma maneira de se trabalhar, amparados na legislação
vigente, é a não transformação da temática em disciplina, inserindo-a no
cotidiano dos alunos em forma de projetos de ensino como este realizado pela
escola, onde a Educação Ambiental apareça como algo inerente à formação do
cidadão consciente, de maneira prazerosa e comprometida ao mesmo tempo.
Referências
BRASIL.
Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm>. Acesso em 3 de
novembro de 2010.
Educação Ambiental:
Curso Básico a distância - Educação e Educação Ambiental II. MMA, 2001
Frade, Elaine das Graças. Pozza, Adélia Aziz
Alexandre. Educação ambiental na
diversidade : guia de estudos / Rosângela Alves Tristão Borém. – Lavras : UFLA,
2010. 83 p.
Parâmetros Curriculares Nacionais
– Meio Ambiente http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf
Endereço do blog:
Endereço do blog:
[1]
Graduação em Pedagogia, Especialização em
Educação Ambiental pela Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais, Brasil.
E-mail da autora: leticiaas1982@gmail.com
Tutora: Carla Saraiva Gonçalves
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